quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

AS CARACTERÍSTICAS DO ESTILO WING CHUN

WingChun é uma simples, direta e eficaz abordagem da arte marcial. É um dos muitos estilos de Kung Fu nascidos no sul da China. Embora tenha cerca de 300 anos é jovem em comparação com os demais estilos de Kung Fu.

O WingChun se baseia em alguns importantes princípios: ataque e contra-ataque simultâneos, economia de movimento, linha central, etc.

O WingChun é um sistema de defesa pessoal que age contra ameaças em potencial. Mas isso não significa dizer que não faça o primeiro movimento, especialmente se a situação traz perigo ou ameaça imediata, que exijam uma reação rápida. O WingChun é um eficaz sistema de contra-ataque.

A filosofia do WingChun adverte o praticante a manter-se sempre longe do perigo, da violência e da luta. No entanto, proporciona as ferramentas necessárias e uma perspectiva realista para as situações em que as lutas são inevitáveis.

Um praticante de WingChun aprende como se defender de forma eficaz contra um soco, chute, joelhada ou cotovelada em diferentes distâncias. Desta forma, o praticante trabalha com os pilares do sistema, ou seja, o uso correto do equilíbrio, tempo, distância, explosão, coordenação, etc. O praticante aprende em que condições usar isto e com que tipo de estratégia e tática.

O WingChun é um sistema onde qualquer pessoa, em qualquer idade e de qualquer biotipo pode aprender rapidamente. WingChun responde com uma bem construída infra-estrutura composta pelo tempo de reação, força e velocidade.

Não há nenhum segredo!

O "SEGREDO" do WingChun está em gravar as partes do sistema na memória muscular, freqüentemente repetindo-os com os mesmos conceitos e princípios; ou seja, a prática!

(créditos : site da proWES - www.prowes.net)

A LENDA DO WING CHUN

Aqui publicamos a mais conhecida lenda sobre a história do WingChun, conforme narrado por Ip Man, o Grão-Mestre de nosso sistema, que por sua vez também a ouviu de seus mestres. Existem outras diferentes opiniões e fontes sobre o WingChun Kung Fu e sua origem. Abaixo, você vai ler a história do WingChun escrita pelo Grão-Mestre Ip Man.

Srta. Yim WingChun
A fundadora do sistema WingChun, Srta. Yim WingChun, era nativa de Cantão. Era uma jovem inteligente e atlética, franca e honesta. Sua mãe havia falecido pouco tempo depois dela ser prometida em noivado a Leung Bok Chau, um mercador de sal de Fukien. Seu pai, Yim Yee, fora injustamente acusado de um
crime e, sob risco de prisão, fugira e estabelecera-se ao sopé do monte Tai Leung. Lá eles ganhavam a vida em um pequeno comércio, como vendedores de tofu.



O Monastério de Shaolin sob ataque
Durante o reinado do Imperador K'angshi da Dinastía Qing, as artes marciais tornaram-se muito fortes no mosteiro Shaolin de Honan. Isto despertou o temor no governo Manchu, a tal ponto que tropas foram enviadas para destruí-lo. Porém, os ataques não foram bem sucedidos.



Monastério em chamas
Então, um servidor público chamado Chan Man Wai, buscando reconhecimento do governo Manchu, sugeriu um plano. Ele entrou em contato com o monge Shaolin Ma Ning Yee e seus discípulos, que foram persuadidos a trair seus companheiros. Eles atearam fogo no monastério enquanto os soldados Manchus atacavam do lado de fora. Assim, Shaolin foi incendiado e muitos de seus monges e discípulos morreram ou fugiram. Entre os sobreviventes encontravam-se a monja budista Ng Mui, os abades Chi Shin e Pak Mei e os mestres Fung To Tak e Miu Hin, que escaparam seguindo caminhos separados.



O duelo

Ng Mui refugiou-se no Templo da Garça Branca, no Monte Tai Leung. Foi ali que ela conheceu Yim Yee e sua filha WingChun, de quem costumava comprar tofu, quando descia o monte para ir ao mercado. Certa vez, a beleza de WingChun atraiu a atenção de um valentão local, que tentou forçá-la a casar-se com ele.

Ng Mui soube disso e teve pena de WingChun. Assim, a monja decidiu ensinar à moça suas técnicas de combate, afim de que pudesse se proteger. Então WingChun seguiu Ng Mui para as montanhas, onde treinaram incansavelmente, até que passou a dominar todo o sistema. Ela voltou e desafiou o valentão para uma luta, conseguindo derrotá-lo. Ng Mui viajou depois por todo o país, mas antes de partir, pediu a WingChun para continuar desenvolvendo o sistema e para ajudar as pessoas que trabalhavam para derrubar o governo Manchu e restaurar a Dinastia Ming.




Chin Shin e as técnicas no bastão longo

Após seu casamento, WingChun ensinou-o ao seu marido, Leung Bok Chau, que batizou-o com o nome dela e por sua vez passou as técnicas para Leung Lan Kwai. Este, em seguida, transmitiu-as para Wong Wah Bo, que era membro de uma companhia de ópera que vivia a bordo de um barco conhecido na época como “Junco Vermelho”. Wong Wah Bo trabalhava com um ator chamado Leung Yee Tai. Quis a casualidade que o Abade Chi Shin – um dos sobreviventes de Shaolin – encontrava-se trabalhando
disfarçado como cozinheiro na mesma compania e havia ensinado as técnicas de bastão a Leung Yee Tai. Wong Wah Bo era amigo próximo de Leung Yee Tai e ambos compartilhavam o que sabiam sobre artes marciais. Juntos, eles estruturaram e unificaram seu conhecimento.
Leung Yee Tai posteriormente transferiu o sistema para Leung Jan, um famoso médico herbalista de Foshan, que entendendo os segredos mais íntimos do WingChun, atingiu um altíssimo grau de proficiência. Leung Jan o transmitiu para Chan Wah Shun, que foi quem nos tomou como alunos, a mim e a meus Si-Hings, muitas décadas atrás. Pode-se dizer então que o sistema WingChun foi transmitido em uma linha direta de sucessão, desde sua origem.

Escrevo esta história em respeito a memória de minha linhagem e de nossos antepassados. Estou eternamente agradecido a eles por me transmitirem as habilidades que hoje possuo. Devemos sempre lembrar e valorizar nossas raízes. Foi este sentimento de cooperação que trouxe nosso sistema até o presente momento e que manterá nossos irmãos em WingChun eternamente unidos.

(créditos: site da proWES - www.prowes.net)

IP MAN - O GRANDE MESTRE DO KUNG FU WING CHUN

Ip Man - (Foshan, China da Dinastia Qing, 14 de outubro de 1893 - Hong Kong, China, 1 de Dezembro de 1972) nasceu em uma família abastada, cujo templo era dirigido pelo Mestre Chan Wah Shun,(conhecido também como "Wah, o Trocador de Dinheiro"), do estilo Wing Chun de Kung Fu.

O garoto Ip Kai-Man foi o terceiro filho do casal Ip Oi-dor e Ng Shui, que eram de abastada família da província de Foshan. O casal teve ao todo quatro rebentos: Ip Kai-Gak, o mais velho; Ip Wan-mei, a irmã, segunda cria; Ip Man; e Ip Wan-hum, a mais nova.

Ip Man treinou com o Mestre Wah até o seu falecimento, três anos depois. Nessa época ele se mudou para Hong Kong para prosseguir os estudos de graduação.

Ip Man vivia se envolvendo em brigas onde sempre vencia graças à eficiência de seu Kung Fu. Um dia convidaram-no para enfrentar um senhor de seus 50 anos de idade, que diziam conhecer artes marciais.

Ele aceitou imediatamente e procurou o homem para desafiá-lo. Este o olhou de alto a baixo e sorriu, perguntando se ele havia treinado com o venerável Mestre Chan Wah Shun, de Fatshan e se ele já havia aprendido o Chum-Kiu (segunda forma do estilo Wing Chun).

Ip Man não ouviu o que o homem dizia, pois teria percebido que apenas um conhecedor do estilo poderia saber esses detalhes. Vendo que não havia outra alternativa, o homem disse que Ip Man poderia atacar como quisesse, que ele tentaria não machucá-lo.

Isso enfureceu o adolescente, que atacou diversas vezes. O homem apenas esquivava seus golpes e o jogava ao chão até que Ip Man reconheceu sua derrota. O senhor finalmente se apresentou: era Leung Bik, o segundo filho do Grande Mestre Leung Jan, professor do Mestre de Ip Man.

Ip Man se desculpou e solicitou que o aceitasse como discípulo. Dessa forma Ip Man concluiu os estudos do Wing Chun aos 24 anos, quando retornou a Foshan.

De volta à sua terra natal, foi acusado de desertor e de ter aprendido outro estilo de Kung Fu. Levou muito tempo para convencer seus colegas do encontro com Mestre Leung.

Ip Man, fiel à promessa feita ao seu Mestre, primeiramente se recusou a ter alunos. Depois da Segunda Guerra Mundial, já pai de família e com a sua fortuna arrasada pela guerra, voltou a Hong Kong para tentar ganhar a vida. Refinado e sem grandes dotes físicos, teve muita dificuldade para arranjar emprego.

Finalmente foi convencido por um amigo a dar aulas de Kung Fu na Associação dos Trabalhadores em Restaurantes de Hong Kong. Com o passar do tempo juntou um punhado de discípulos com os quais fundou sua primeira academia. Seus alunos, entre eles o famoso Bruce Lee enfrentaram muitos desafios que tornaram o Wing Chun famoso e muito procurado.


Em 1967 ele fundou a Hong Kong Wing Chun Athletic Association, entidade que ainda hoje representa aquele estilo em Hong Kong e foi o berço de todos os Grandes Mestres de Wing Chun

da atualidade.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

CHIU CHUK KAI, O GRANDE MESTRE DO KUNG FU TAI CHI LOUVA A DEUS

No ano de 1900, na província de Shantung, nasceu o menino Chiu Chu Che (pronuncia-se "tchíu tchú tché"). Aos cinco anos de idade, Chiu Chu Che ficou órfão de pai. Como sua mãe não tinha condições de criá-lo sozinha, um tio levou-o para sua casa. Este tio, porém, tratava Chiu Chu Che muito mal e, por isso, aos dez anos de idade Chiu fugiu de sua casa, indo viver em um mosteiro budista, sob a proteção do abade. Com o abade ele aprendeu Tai Zhu Bei, o "Estilo do Grande Ancestral".

Ao atingir a maioridade, Chiu Chu Che, segundo as regras do mosteiro, teve de optar por tornar-se monge e permanecer no mosteiro ou ir embora. Como não desejava tornar-se monge, ele despediu-se de seu mestre e abandonou o mosteiro.

Algum tempo depois, sobrevivendo de biscates e pequenos serviços, Chiu Chu Che veio a conhecer o mestre Yam Fong Soi. Naquele tempo ainda eram raros os mestres que tinham academias como conhecemos hoje, a maioria não ensinava o seu estilo abertamente e selecionavam muito os alunos que iriam ou não aceitar. Mestre Yam, porém, era uma excessão, ele foi um dos primeiros mestres a ensinar o seu estilo abertamente.

Chiu Chu Che ía quase todos os dias olhar o mestre Yam ministrar aulas aos seus alunos, porém, como era muito pobre e não tinha dinheiro para pagar as mensalidades, não solicitou ser aceito como aluno. Um dia, mestre Yam, tendo já visto Chiu Chu Che muitas vezes em sua academia olhando os treinos, perguntou-lhe se não queria treinar. Chiu Chu Che disse-lhe que gostaria muito e que tinha algum conhecimento de Tai Zhu Bei, mas não podia pagar a mensalidade. Mestre Yam pediu-lhe uma demonstração de Tai Zhu Bei e, impressionado com a habilidade do rapaz, aceitou-o como aluno independentemente do pagamento da mensalidade.
Mestre Yam ensinou Chiu Chu Che durante vários anos. Quando ele atingiu um bom nível de aprendizado do estilo, mestre Yam, vendo que seu aluno tinha ainda muito potencial, recomendou-o ao seu colega, mestre Chi Sao Chong, que era tido como o maior mestre de Tai Chi Louva-a-Deus da época.




Chiu Chu Che viajou para a cidade do mestre Chi Sao Chong com uma carta de recomendação do mestre Yam Fong Soi. Ao ler a carta de seu colega elogiando as habilidades do rapaz, mestre Chi aceitou-o imediatamente como aluno. Mestre Chi era proprietário de uma empresa de segurança, responsável pela guarda de comboios que transportavam mercadorias e valores. Em retribuição aos ensinamentos do mestre, Chiu Chu Che passou a trabalhar em sua empresa como guarda-costas.

Certo dia, em uma de suas missões escoltando comboios, Chiu Chu Che deparou-se com o bando de um famoso bandido da época, muito temido pela sua técnica de facão. Chiu Chu Che e o bandido enfrentaram-se ferozmente. Quando parecia que o combate terminaria empatado, Chiu Chu Che lançou mão de uma de suas especialidades, o dardo com corda, e conseguiu matar o bandido.

A partir desse dia Chiu Chu Che passou a ser chamado de "Chuk Kai" (arroio bambu), pois este era o nome do local onde se deu o combate em que ele matou o famoso bandido. Durante todo o resto de sua vida Chiu Chu Che foi chamado de Chiu Chuk Kai (pronuncia-se "tchíu tchú cái"), sendo que, conforme a cultura chinesa, "Chiu" era o nome de sua família, ou seja, o seu sobrenome como nós costumamos chamar.

Após viver sob a tutela do mestre Chi Sao Chong durante vários anos, Chiu "Chuk Kai" aproveitou uma oportunidade comercial e juntou-se a dois colegas para abrir um negócio de exportação de seda na província de Guandong (Cantão, como era chamada pelos portugueses), mudando-se, assim, para o sul da China. Aproveitando suas horas vagas, mestre Chiu ensinava o Tai Chi Louva-a-Deus, tendo permanecido assim até a Segunda Guerra Mundial.
Com o advento do comunismo na China, mestre Chiu mudou-se para o Vietnã, onde dedicou-se exclusivamente ao ensino do Kung Fu. No Vietnã mestre Chiu chegou a ter 6.000 alunos treinando sob sua supervisão, espalhados por 32 academias. Muitos oficiais do exército sul-vietnamita e até mesmo guarda-costas pessoais do presidente do Vietnã do Sul eram seus alunos.

Mestre Chiu viveu em Saigon durante 20 anos. Com a derrota do Vietnã do Sul na guerra, mestre Chiu mudou-se para Hong Kong, onde permaneceu até sua morte, em 1991. Mestre Chiu ensinou o Tai Chi Louva-a-Deus até os últimos anos de sua vida. Muitos lutadores jovens desafiaram o velho mestre e foram para casa com um maior senso de humildade, pois sua personalidade amável e gentil escondia suas incríveis habilidades de luta.

É praticamente impossível enumerar todos os alunos do mestre Chiu Chuk Kai, tantas foram as pessoas que treinaram com ele. Em Hong Kong, mestre Chiu teve um aluno chamado Tang Sing Ling (pronuncia-se "tán sin lin"), que, mais tarde, transmitiu o estilo Tai Chi Louva-a-Deus ao mestre Li Hon Shui, que veio para o Brasil. Mestre Li conheceu e treinou muitas vezes com o mestre Chiu Chuk Kai, seu "mestre-avô" como costuma chamá-lo carinhosamente.

FONTE: http://taichimantis.blogspot.com/

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

CARACTERÍSTICAS DO KUNG FU LOUVA A DEUS

O Kung Fu Louva-a-deus é um dos estilos de kung fu mais praticados em todo o mundo e certamente o mais praticado no Brasil. Possui técnicas de luta eficientes pela velocidade e precisão. É um estilo completo (junção de 18 dos melhores estilos da China no século XVII). Contém grande diversidade de técnicas de mãos livres, armas, lutas e energia interna. Suas principais características são:

1.estratégias de luta de curta e longa distância
2.técnicas suaves e rígidas
3.o ataque se faz simultaneamente à defesa e não de modo isolado.

Toda essa riqueza faz com que muitos praticantes de outros estilos procurem o Louva-a-deus para o aprimoramento em luta.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

JEET KUNE DO - O LEGADO DE BRUCE LEE

Mesmo o Jeet Kune Do não sendo um "estilo tradicional" de Arte Marcial , seus conceitos devem ser profundamente analisados e respeitados por todo Artista Marcial sério.


Jeet Kune Do ( "O modo de se interceptar o punho"), também Jeet Kun Do ou JKD, é um neo-sistema de arte marcial de combate, desenvolvido pelo artista marcial e ator o mestre Bruce Lee.

Recentemente, em 2004, a Fundação Bruce Lee decidiu usar o nome Fan Jeet Kune Do para designar o estilo. O nome faz referência à arte ensinada por Bruce Lee, como pretendia quando ainda vivo. "Jun Fan" é o nome em chinês de Lee, com a tradução literal sendo "O modo de Bruce Lee de se interceptar o punho." Veja mais em O Tao do Jeet Kune Do.

Estilo, sem formas fixas, o Jeet Kune Do é um sistema criado por Bruce Lee, que mais que uma arte marcial, é uma sintêse de seus próprios pensamentos. Em última instância o Jeet Kune Do (Caminho do golpe que intercepta) não se resume à uma técnica, mas essencialmente à uma filosofia advinda principalmente da corrente Taoísta, com influências do Zen Budismo, e de Krishnamurti.

Segundo sua mulher, Linda Emery Lee, Bruce sempre se considerou primeiro um artista marcial, depois um ator.

Aficionado pesquisador marcial, Lee dedicou sua vida à análise das teorias e práticas de sistemas de luta. Percebeu a ineficiência para combates reais advindos dos floreios das técnicas clássicas, que chamava de "desespero organizado". Lee considerava que as técnicas clássicas de luta não estavam preparadas para situações reais de combate, preferindo abordagens mais diretas.

“Se sua vida está ameaçada, você não para e pensa: Deixe-me ver se minha mão está na posição correta, ao lado do meu quadril, ou se meu estilo é O ESTILO. Então, por que a dualidade?” (Bruce Lee)

Bruce acreditava que a velocidade era elemento fundamental do combate, e que as técnicas mais simples eram mais rápidas, tanto em velocidade de reação, quanto de aplicação.

Através de experiências em combates reais, percebeu certa dificuldade de vencer através dos métodos clássicos de seu estilo de Kung-Fu, o Wing Chun, considerado um dos mais diretos. Por essa razão, quebrou a abordagem clássica e se desenvolveu em vários sistemas de artes marciais, unificando-as em um estilo único que chamou de Jeet Kune Do. A principal diferença que Lee estava adotando ao seu estilo era a prioridade para a velocidade, usando para isto golpes lineares, ao invés dos tradicionais movimentos circulares das artes clássicas.

Entre os principais estilos pesquisados e sintetizados por Lee estão o Tai Chi Chuan, Boxe, Judo, Chun Kuk Do, Savate, Aikido, Eskrima,além do Wing chun (Ving Tsun) que estudou na China, junto com o famoso mestre Yip Man.

A abordagem filosófica do Jeet Kune Do é o mais importante do sistema, já que ele não se limita a conjuntos de movimentos. Para Lee o Jeet Kune Do se desenvolve diferentemente em cada tipo de lutador, porque as pessoas são igualmente diferentes, e não possuem as mesmas características físicas e psicológicas. A “liberdade de expressão” era para ele fundamental dentro de uma luta, e acreditava que um sistema marcial restrito, ou um conjunto de movimentos limitava a habilidade de resposta do lutador, que deve ser completa. O lutador eficaz deveria ser capaz de responder a qualquer tipo de situação. Essa era uma de suas principais divergências quanto aos métodos clássicos, que exploram situações de adversários estáticos em seqüências pré-estabelecidas, “dissecando-as como um cadáver”. Para ele o combate era bem vivo, e muito diferente de qualquer abordagem estática.

Entre as principais contribuições técnicas das pesquisas de Bruce Lee estão as teorias sobre a eficiência dos golpes diretos e simples, jabs com os dedos, técnicas e solo, e principalmente, as interceptações.

Do ponto de vista teórico a importância do controle da “distância”, do “timing” e da “cadência”, quebras de ritmo e dos fatores psicológicos do combate.

Sobre o ponto de vista físico, seus métodos de treinamento, alimentação e principalmente da coordenação e acurácia para desenvolvimento de maior potência dos golpes, através do domínio da tensão relaxamento das fibras musculares no momento dos golpes, além dos processos mecânicos envolvidos em cada um.

A LENDA DO LOUVA A DEUS


Existem inúmeras versões sobre o nascimento do estilo Louva-a-Deus. Por ser um estilo muito difundido e muito antigo, e sendo a sua história transmita de forma oral, raramente sendo registrada por escrito, cada linhagem acabou tendo sua própria versão da história.

Os pontos coincidentes destas versões estão no nome do criador, Wong Long, no fato de a inspiração para a criação do estilo ter vindo da observação da luta de um louva-a-deus e de outro animal, às vezes uma cigarra, às vezes um pequeno pássaro, e na influência que o Kung Fu do Templo Shaolin exerceu sobre o criador, Wong Long. Em algumas versões, Wong Long aprendeu o Kung Fu Shaolin antes de criar o estilo Louva-a-Deus, em outras ele desafiou os monges do templo e, após ser derrotado, acabou criando o estilo e lançando novo desafio, quando então derrotou todos os monges.

Transcrevemos a seguir a história do nascimento do estilo conforme contada pelo mestre Li Hon Shui, introdutor do estilo no Brasil, que a ouviu de seu mestre, Tang Sing Ling:

“O estilo Louva-a-Deus começou com Wong Long, no final da Dinastia Ming, há mais de 200 anos. Wong Long era discípulo de Shaolin e treinava com seu si hen (irmão mais velho), chamado Sing Si, o qual era um monge especialista no estilo Tong Bei Kun e viajava muito para pregar a filosofia da Religião Budista para o restante da sociedade.
De tempos em tempos, Sing Si voltava para examinar se Wong Long estava treinando devidamente, sempre derrotando-o em combate.
Um dia, Wong Long, após mais uma derrota, estava treinando na floresta e questionando-se muito do porquê de não conseguir vencer ou ao menos empatar com seu si hen, quando notou que um pássaro amarelo atacava um inseto e, de repente, o pássaro caía no chão ferido no olho. Indo até o local, Wong Long verificou que o inseto tratava-se de um louva-a-deus e perguntou-se ‘como pode um inseto pequeno derrotar um pássaro muito maior?’. Pegou o inseto e o levou consigo para estudá-lo melhor. Com um graveto, Wong Long provocava o inseto que lutava. Depois de certo tempo de estudo, Wong Long deduziu doze princípios de movimento.
Na floresta, Wong Long treinava muito os movimentos do louva-a-deus. Num dia muito quente, após treinar muito, Wong Long tirou suas roupas para se refrescar no rio, quando um macaco roubou-as. Ele tentava tomá-las de volta, mas não conseguia, pois o animal fugia agilmente. Novamente Wong Long perguntou-se ‘como eu não consigo pegá-lo com um Kung Fu de bom nível como o meu?’. Resolveu imitar os passos do macaco e os anotou para os próximos treinamentos. Juntando as passadas ao estilo, Wong Long se satisfez mais com o seu Kung Fu.
Como de costume, em uma das chegadas de viagem, o si hen Sing Si convidou Wong Long para treinar e, durante o combate, Wong Long rapidamente conseguiu derrubá-lo. Surpreso, Sing Si perguntou-lhe ‘que estilo é esse e com quem aprendestes?’.
Wong Long respondeu que não aprendera com ninguém e lhe contou as histórias do pássaro e do louva-a-deus e do macaco ladrão.
Comovido, Sing Si requereu aos seus superiores no templo que o Louva-a-Deus fosse incluído nos ensinamentos do Kung Fu de Shaolin, vindo a se chamar Tong Long Kun.”

Ao contar essa história, sempre é conveniente ressaltar que, à época em que Wong Long criou o estilo Louva-a-Deus, o tempo Shaolin havia sido destruído pelo exército da dinastia Qing, tendo os monges sobreviventes se refugiado nas montanhas da província de Shantung. Por isso diz-se que o estilo Louva-a-Deus é proveniente dessa província, e não da província de Honan, onde se situa o templo.