quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A LENDA DO WING CHUN

Aqui publicamos a mais conhecida lenda sobre a história do WingChun, conforme narrado por Ip Man, o Grão-Mestre de nosso sistema, que por sua vez também a ouviu de seus mestres. Existem outras diferentes opiniões e fontes sobre o WingChun Kung Fu e sua origem. Abaixo, você vai ler a história do WingChun escrita pelo Grão-Mestre Ip Man.

Srta. Yim WingChun
A fundadora do sistema WingChun, Srta. Yim WingChun, era nativa de Cantão. Era uma jovem inteligente e atlética, franca e honesta. Sua mãe havia falecido pouco tempo depois dela ser prometida em noivado a Leung Bok Chau, um mercador de sal de Fukien. Seu pai, Yim Yee, fora injustamente acusado de um
crime e, sob risco de prisão, fugira e estabelecera-se ao sopé do monte Tai Leung. Lá eles ganhavam a vida em um pequeno comércio, como vendedores de tofu.



O Monastério de Shaolin sob ataque
Durante o reinado do Imperador K'angshi da Dinastía Qing, as artes marciais tornaram-se muito fortes no mosteiro Shaolin de Honan. Isto despertou o temor no governo Manchu, a tal ponto que tropas foram enviadas para destruí-lo. Porém, os ataques não foram bem sucedidos.



Monastério em chamas
Então, um servidor público chamado Chan Man Wai, buscando reconhecimento do governo Manchu, sugeriu um plano. Ele entrou em contato com o monge Shaolin Ma Ning Yee e seus discípulos, que foram persuadidos a trair seus companheiros. Eles atearam fogo no monastério enquanto os soldados Manchus atacavam do lado de fora. Assim, Shaolin foi incendiado e muitos de seus monges e discípulos morreram ou fugiram. Entre os sobreviventes encontravam-se a monja budista Ng Mui, os abades Chi Shin e Pak Mei e os mestres Fung To Tak e Miu Hin, que escaparam seguindo caminhos separados.



O duelo

Ng Mui refugiou-se no Templo da Garça Branca, no Monte Tai Leung. Foi ali que ela conheceu Yim Yee e sua filha WingChun, de quem costumava comprar tofu, quando descia o monte para ir ao mercado. Certa vez, a beleza de WingChun atraiu a atenção de um valentão local, que tentou forçá-la a casar-se com ele.

Ng Mui soube disso e teve pena de WingChun. Assim, a monja decidiu ensinar à moça suas técnicas de combate, afim de que pudesse se proteger. Então WingChun seguiu Ng Mui para as montanhas, onde treinaram incansavelmente, até que passou a dominar todo o sistema. Ela voltou e desafiou o valentão para uma luta, conseguindo derrotá-lo. Ng Mui viajou depois por todo o país, mas antes de partir, pediu a WingChun para continuar desenvolvendo o sistema e para ajudar as pessoas que trabalhavam para derrubar o governo Manchu e restaurar a Dinastia Ming.




Chin Shin e as técnicas no bastão longo

Após seu casamento, WingChun ensinou-o ao seu marido, Leung Bok Chau, que batizou-o com o nome dela e por sua vez passou as técnicas para Leung Lan Kwai. Este, em seguida, transmitiu-as para Wong Wah Bo, que era membro de uma companhia de ópera que vivia a bordo de um barco conhecido na época como “Junco Vermelho”. Wong Wah Bo trabalhava com um ator chamado Leung Yee Tai. Quis a casualidade que o Abade Chi Shin – um dos sobreviventes de Shaolin – encontrava-se trabalhando
disfarçado como cozinheiro na mesma compania e havia ensinado as técnicas de bastão a Leung Yee Tai. Wong Wah Bo era amigo próximo de Leung Yee Tai e ambos compartilhavam o que sabiam sobre artes marciais. Juntos, eles estruturaram e unificaram seu conhecimento.
Leung Yee Tai posteriormente transferiu o sistema para Leung Jan, um famoso médico herbalista de Foshan, que entendendo os segredos mais íntimos do WingChun, atingiu um altíssimo grau de proficiência. Leung Jan o transmitiu para Chan Wah Shun, que foi quem nos tomou como alunos, a mim e a meus Si-Hings, muitas décadas atrás. Pode-se dizer então que o sistema WingChun foi transmitido em uma linha direta de sucessão, desde sua origem.

Escrevo esta história em respeito a memória de minha linhagem e de nossos antepassados. Estou eternamente agradecido a eles por me transmitirem as habilidades que hoje possuo. Devemos sempre lembrar e valorizar nossas raízes. Foi este sentimento de cooperação que trouxe nosso sistema até o presente momento e que manterá nossos irmãos em WingChun eternamente unidos.

(créditos: site da proWES - www.prowes.net)

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